segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Legalizar? Descriminalizar?Não?Sim?

Um excelente documentário acerca das drogas! legalizar? descriminalizar? O tema é tratado de maneira séria e FHC expõe argumentos consistentes e bem pautados...Acho uma boa oportunidade para se conhecer mais sobre o assunto e tentar formar uma opinião...Bom filme!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Somos o que queremos ser?

Durante a leitura do Povo Brasileiro, livro de Darcy Ribeiro, me deparei com o seguinte trecho:

"A escola não ensina, a igreja não catequiza, os partidos não politizam. O que opera é um monstruoso sistema de comunicação de massa fazendo a cabeça das pessoas. Impondo-lhes padrões de consumo inatingíveis, desejabilidades inalcançáveis, aprofundando mais a marginalidade dessas populações e seu pendor à violência. Algo tem que ver a violência desencadeadas nas ruas com o abandono dessa população entregue ao bombardeio de um rádio e de uma televisão social e moralmente irresponsáveis, para as quais é bom o que mais vende, refrigerantes ou sabonetes, sem se preocupar com o desarranjo mental e moral que provocam."

Esse texto me levou a diversas reflexões, mas a que mais ficou em minha cabeça foi o processo de massificação realizada pelas mídias atuais - principalmente, televisão e internet. Talvez isso tenha me marcado após ver a circulação em um site de relacionamentos da imagem abaixo:
     Junto da imagem estavam os dizeres: " Bandido BOM é bandido MORTO". Isso me deixou completamente em estado de choque! As primeiras coisas que pensei: Como as pessoas podem achar normal uma imagem dessa? Como podem desdenhar de uma imagem dessa? Qual o conceito de justiça que queremos?
     Depois de muito pensar acabei chegando nas mídias nativas! As informações que as mídias passam mostram em alto e bom tom que bandido é bandido porque quer ser - como se alguem já nascesse sonhando ser bandido. O mais triste é que elas moldam o pensamento da grande maioria dos brasileiros. Após escutar o Datena falando ou ver o Balanço Geral, qualquer cidadão fica perplexo com a bandidagem e quer destruir todos os traficantes, assassinos, assaltantes da face da Terra. Mas será que é assim mesmo que a coisa funciona? Será que crianças entram no tráfico porque são pivetes mesmo? Meninas se prostituem porque são vagabundas mesmo?
     Acredito que NÃO!
Quero ouvrir as pessoas! comentem sobre esse tema que foi tratado de uma forma inconsequente nas redes sociais!

sábado, 1 de outubro de 2011

Latinoamerica!

        EM ALGUNS MOMENTOS , EM RODAS DE AMIGOS, RESOLVI DIZER QUE SONHAVA EM VIAJAR POR TODO O BRASIL E DEPOIS POR TODA A AMÉRICA LATINA ANTES DE CONHECER AS OUTRAS PARTES DO MUNDO (SE TIVESSE CONDIÇÕES). AS REAÇÕES FORAM DIVERSAS, MAS UMA RESPOSTA AO QUE EU DISSE ME CHAMOU MUITO ATENÇÃO. A PESSOA DISSE: “MAS O QUE VC VAI ACHAR NESSES PAISES QUE SÓ TEM GENTE POBRE ? O BOM MESMO É IR PRA LONDRES, PARIS, NEW YORK.  ISSO SIM É CIVILIZAÇÃO”. APÓS ESCUTAR ISSO, PASSEI A REFLETIR SOBRE A CULTURA E O POVO LATINOAMERICANO, NÃO SÓ O BRASILEIRO.
      POIS EU DIGO, NÃO É PRECISO IR A EUROPA PRA “SENTIR O CHEIRO DA CULTURA” – COMO JÁ ESCUTEI TAMBÉM. O POVO DA NOSSA TERRA É RICO E POSSUI UMA CULTURA ATÉ MESMO DIGNA DE INVEJA. A FORMAÇÃO CULTURAL BRASILEIRA SE DEU COM BASE NA MISTURA DE TRES POVOS: INDIGENAS, AFRICANOS E EUROPEUS (SOBRETUDO LUSITANOS). DESSA MISTURA SURGIU UMA CULTURA EXTREMAMENTE RICA. EM QUE OUTRO PAÍS PODE-SE ENCONTRAR RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS EM QUE ORIXÁS TOMAM FORMAS DE SANTOS CATÓLICOS?
      A PARTIR DISSO, CONSEGUI FORMULAR O QUE RESPONDERIA A PESSOA QUE ME DISSE O QUE RELATEI ANTERIORMENTE. QUANDO DESEJO VIAJAR, EU TENHO O INTUITO DE CONHECER MUITO MAIS DO QUE CONSTRUÇÕES, DESEJO VER AS PESSOAS. CONHECER COMPORTAMENTOS DIFERENTES, MODOS DE PENSAR DIFERENTES E APRENDER COM O DIFERENTE A CONSTRUIR MEU PRÓPRIO MUNDO, MINHA PRÓPRIA CONSCIENCIA.  SE PRA MUITOS BASTA VER OS PREDIOS E AS LUZES DA TIME SQUARE, PARA MIM NÃO É O SUFIENTE. MUITO MAIS DO QUE FAZER COMPRAS NO EXTERIOR EU QUERO CONHECER CADA POVO SOFRIDO, MAS ALEGRE QUE HABITA O SUL DA LINHA DO EQUADOR!

Eu sei, mas não devia - Marina Colasanti


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.

As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.



Só uma coisa a declarar: eu ainda vou ter uma personalidade como a desse Antônio Abujamra.

 Pra quem não conhece esse espetacular entrevistador, pode assistir o Programa Provocações na TV Cultura (Às Terças, às 23h) ou na Rede Minas (Aos Sábados, às 23h).

Nasceu!

       A música do grandioso compositor e cantor brasileiro Lenine se tornou o título do blog: Jack Soul Brasileiro. Esse título remete a três interpretações. A primeira seria a idéia de "já que sou brasileiro", a segunda seria a referência feita por Lenine a Jackson do Pandeiro - fonte de inspiração do cantor. Além disso, há a referência ao Soul dos EUA. Por isso, por ser a mistura de vários elementos e representar a essência miscigenada do povo brasileiro que escolhi essa música pra ser a bandeira carregada aqui.
      Com relação a obra utilizada no plano de fundo do blog, acho que ela reproduz exatamente o que o  quero dizer: existe um povo plural e maravilhoso que habita essa terra brasileira. Tarsila do Amaral, pintora que admiro desde o momento que conheci suas obras, conseguiu utilizar seus conhecimentos vanguardistas adquiridos na Europa para construir uma arte originalmente brasileira. Como se não bastasse a arte belíssima, Tarsila e outros importantes modernistas, conseguiram exportar o Brasil para o resto do mundo por meio de suas produções, permitindo que outros continentes conhecessem a arte tupiniquim!