“…a reforma psiquiátrica não é uma tecnologia de
montar serviços de saúde mental, mas um movimento
social de transformação profunda e de fato das concepções
sobre a loucura e sobre a diferença.”
Com a atuação do movimento pela Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial nos últimos tempos houve uma grande mudança de paradigma em relação à assistência em Saúde Mental no Brasil. Estamos passando progressivamente de um modelo manicomial/hospitalocêntrico centrado na exclusão social do “doente mental”- o que levava, geralmente, a piora do paciente- para um modelo de tratamento aberto territorial-comunitário, onde os Centros de Atenção Psicossocial são a base ordenadora de uma rede de serviços regionalizados e que atendem sua população preferencialmente em seus próprios bairros.
Na medida em que se substitui o modelo manicomial, o resgate dessas pessoas enquanto cidadãos vai se tornando uma necessidade. Para que ocorra um processo de inclusão social e promoção da real cidadania necessitamos de projetos que possam culminar com melhoria das condições de tratamento, de moradia e trabalho. A reforma psiquiátrica ainda tem que enfrentar de maneira objetiva as dificuldades que estão no caminho da reintegração dos usuários destes serviços substitutivos ao modelo hostpitalocêntrico.
MAS AFINAL DE CONTAS, o que mais fica em minha cabeça é se a sociedade considerada sã está preparada para acolher os doentes mentais e, sobretudo, se quer recebê-los. Sempre quando falo sobre a Reforma Psiquiátrica logo surgem as perguntas: " MAS OS DOIDOS VÃO FICAR ANDANDO PELA RUA? E SE ATACAREM ALGUÉM?" Esses tipos de indagações, levaram-me a reflexões sobre o que é loucura ou não, mas isso não vem ao caso. Posteriormente, consegui refletir sobre a ótica da frase de Elza (coordenadora do projeto de extensão que faço parte) que disse: " A gente tem que pensar em medidas preventivas, mas não deve esquecer que ainda existem doentes". Essa frase se encaixa muito bem para explicar esses tipos de perguntas que surgem da sociedade civil. Ao mesmo tempo em que se deve trabalhar com a Reforma, deve-se lembrar que exitem pessoas que realmente precisam de internação, uma vez que já estão internadas há muitos anos, mas que o objetivo supremo é conseguir inserir na sociedade a maior parte dos pacientes psiquiátricos.
Completamente isanos ou não (até que ponto todos não somos insanos?), os pacientes psiquiátricos existem e precisam ser aceitos pela sociedade. Chega de trancafiá-los nos fundos das casas, nos manicômios! É para isso que a Reforma Psiquiátrica chega, pra garantir o direito de liberdade, de dignidade a pessoas que foram negligenciadas durante toda a história!
Agora quero saber a opinião de vocês! O que acham disso tudo?
Abraço a todos!
